Saturday, February 6, 2010

Cap. 2 - Quinze anos depois... (Parte II)

Nota: Quem não leu o primeiro capítulo, pode começar a conferí-lo clicando aqui. A relação de capítulos pode ser vista na parte de Capítulos do site.


------

- Eles não queriam me deixar entrar, então não tive escolha. – disse ele, com um sorriso irônico no rosto. – Parece que você não está assim tão bem protegido.

- Ora... – Sir Brickmond parou por alguns segundos, como se estivesse com dificuldades de falar. – se não é o mensageiro.

- Sim, sou eu. – disse Lanir, agora em tom sério e autoritário. – Imagino que já esperasse por minha visita.

Sir Brickmond apenas fez um sinal de positivo com a cabeça. Os generais e nobres presentes na sala se entreolhavam: não conseguiam compreender o que acontecia. Por que o rei se daria ao trabalho de falar com um homem que se apresentava como um miserável?

- Vocês estão dispensados, senhores. Thomas falará comigo a partir de agora. – afirmou Lanir.

O general Malenberg sacou a espada em uma velocidade extraordinária e a colocou no pescoço do mensageiro.

- Quem você pensa que é para invadir os aposentos do rei assim? Quem você pensa que é para atacar os meus subordinados? – disse enquanto olhava para os dois soldados desacordados aos seus pés.

- Guarde esta espada e saia. – ordenou Lanir, em um tom seco e resoluto. Seus olhos se mantinham fixos nos do general, sua expressão corporal demonstrava total segurança, como se a espada não lhe representasse qualquer ameaça. Malenberg hesitou, quase deu um passo para trás: quem era aquele homem?

- Escutem o que ele diz. – afirmou Sir Brickmond. – Vocês estão dispensados, deixem-nos sozinhos.

- Mas precisamos decidir o que faremos! Que absurdo é esse? – retrucou Malenberg, em tom desafiador.

Sir Brickmond fez um esforço para se levantar de seu trono e fitou seu general com um olhar severo: o olhar de um rei, de um lendário combatente, de um homem digno de devoção. Por alguns instantes, foi possível distinguir um brilho opaco do passado, um vislumbre da glória daquele que foi o maior herói que aquele continente já vira.

- Isso é uma ordem. Saiam... e sem discussões.

Os generais e nobres se entreolharam por mais uma vez, pareciam extremamente contrariados, mas naquele momento não conseguiam juntar forças para se opor às ordens do rei. Saíram calados, com exceção de Gabriel, que permanecia sempre ao lado de Thomas.

- Garoto... – iniciou Lanir, com um sorriso no rosto. – Vejo que cresceu... não é mais o menino assustado que conheci faz quinze anos.

- Pois é. E você não mudou nada, não envelheceu um dia sequer, talvez deva nos ensinar o segredo. – brincou Gabriel.

- Não é um segredo, bom garoto, é um fardo... Mas não foi isso que vim discutir. Onde está o menino que lhes entreguei?

Sir Brickmond voltou a se sentar no trono, estava ofegante, como se a ordem que acabara de dar tivesse sugado quase toda a energia de seu corpo. A doença avançava, ele sabia disso; tinha de resolver as coisas o mais rápido possível: precisava falar com Sir Lance.

- Na Floresta Escura, – respondeu. – achei que ele ficaria bem por lá se a profecia feita pelos dragões estivesse correta. Lá, a magia da floresta o protegeria.
O mensageiro começou a andar lentamente de um lado para o outro da sala, a cabeça baixa e os olhos enevoados, como se calculasse com cuidado o que deveria fazer.

- Sim... sim... você estava certo, mas isso atrasará com certeza os meus planos... precisamos buscar o menino... e precisamos fazer isso logo.

- Eu posso ir até a floresta com você, nós podemos... – dizia Gabriel quando Sir Brickmond o interrompeu.

- Não. Preciso que você vá até o reino de Sir Lance, preciso que o traga até aqui antes que seja tarde demais para mim.

- Tem certeza? – retrucou o general. – Não quer enviar um mensageiro? Buscar o menino nas florestas parece ser uma tarefa mais importante.

- Gabriel... – recomeçou Sir Brickmond, ainda com dificuldades para falar. – Robert não virá a não ser que eu mande você. Ele sabe o quanto somos próximos. Além disso, você é bom com as palavras, saberá convencê-lo.

O general apenas assentiu com a cabeça. Se Thomas queria que ele fosse até Sir Lance, era isso que ele faria. Enquanto isso, Lanir continuava a andar de um lado para o outro da sala, bem lentamente, ainda decidindo tudo que deveria ser feito. Após alguns minutos, finalmente parou em frente ao trono e começou a falar com calma e segurança.

- Está certo, então. Gabriel falará com Robert. Eu irei para a floresta, mas não posso ir sozinho, quero levar alguém de seu reino comigo, alguém destemido e valoroso, alguém capaz de carregar a esperança de todo um povo sobre seus ombros. Organize um torneio para amanhã mesmo, assim escolheremos quem irá me acompanhar.

- Tudo bem. – afirmou Sir Brickmond – Gabriel, organize o que o mensageiro pediu e depois parta o quanto antes.

Mais uma vez, o general apenas assentiu com a cabeça.

- E quanto a você, mensageiro, quer que eu mande preparar um quarto de hóspedes?

- Não. Eu prefiro conhecer um pouco mais desta cidade.

- Mas já é noite, não há muito que se ver, em breve estarão todos dormindo. – retrucou Sir Brickmond.

Lanir sorriu.

- Não se preocupe comigo, eu sei muito bem o que estou fazendo.

- Tudo bem. Faça como quiser.

5 comentário(s):

Leonardo Meirelles said...

Mais uma parte de capitulo mto interessante! O unico "problema" é q o post sempre acaba qnd quero saber mais... hauhauah! Se bem q isso é um elogio, e não um problema. Tem q publicar o livro pra eu poder ler td de uma vez só!
Abraço e continue sempre! :D

Unknown said...

esta historia esta ficando muito interessante, nao vejo a hora que sai a proxima parte, esta historia deixar vc preso querendo sabere o que vai acontecer , e assim que e legal quanto mais vc ler mais quer ler.

Unknown said...

Muito legal! Esse mensageiro é interessante não... hahah
Vou continuar lendo.

Unknown said...

hum, vamos lá! eu estou gostando, mas acho que a construção dos personagens, ao meu ver, está um pouco confusa. Não sei se pelo fato de que é muito cedo, ou pelos nomes escolhidos. Gabriel é um nome cristão, já Lanir não é... De qualquer forma, tem sido bom. Confesso que leio muito da literatura fantástica. Já li André Vianco, Licia Troisi (que eu gosto muito) entre clássicos como Tolkien e Neil Gaiman. Eu prefiro não julgar pelo começo, afinal de contas, um livro desenvolve-se, em geral, mais para o quinto capítulo em diante (ainda mais quando falamos de capítulos curtos como estes).

Vou continuar lendo e falando o que eu acho, ok? E podemos ir trocando idéias. Aliás, tenho um livro começado, no mesmo tema fantástico, e depois queria te mandar para vc ler e dar uma opinião...caso vc queira, claro!

Bom saber que vc tb é jornalista!

abs e sucesso

Leonardo Schabbach said...

Posso dar uma olhada sim.

Os nomes, bem, no caso, Lanir, ele, como bem fica explicitado, não pertence tanto assim à sociedade comum, não é mesmo? Tem ligação com os dragões e etc... o que o faz realmente ter um nome mais "esquisito" para nós. Os outros nomes humanos são mais comuns. Só me preocupo em utilizar nome mais universais. Sou fã do Gonçalo Tavares, autor português, que tem um pouco disso em mente também. Nomes universais para falar de humanidade, e não necessariamente de um povo específico =D