Friday, July 30, 2010

Cap. 9. O Segredo das Montanhas (Parte II)

Coloco aqui mais uma atualização. Ela já estava pronta fazia muito tempo, mas só tive tempo de postá-la agora. Os últimos dias foram muito cheios mesmo. Espero que gostem da atualização. Tentarei produzir a próxima mais rapidamente, só não posso garantir nada. Como sempre, pra quem "pegou o bonde andando", você pode conferir todos os capítulos aqui.




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Os três caminharam pelo estranho túnel de terra por algum tempo. James continuava levemente incomodado. Tinha se certificado de que a caverna não tinha uma saída quando ali fora jogado; mas, então, como explicar aquele túnel? Estava confuso. Também lhe incomodava o fato de que Lanir conhecesse aquele ser medonho e esquisito, que, de algum modo, demonstrava conhecer as montanhas com uma perícia sobrenatural. Os dois pareciam ter alguma espécie de rixa, algum motivo que os levava a brigar.

O caminho era convenientemente reto, sem desvios ou relevos, quase como que construído para levar diretamente a algum lugar. James, desconfiado e curioso como sempre, sentia-se quase sufocado pelas sucessivas perguntas que tomavam conta de sua cabeça. O que era aquele ser? Como ele e Lanir se conheciam? Onde eles estavam? Enfim, como o maldito túnel tinha aparecido? Mas, por precaução, preferiu não perguntar. Era novo, ainda pouco corajoso; sentia mais medo do que curiosidade e, por isso, optou por se manter calado.

- Cheghamosh... é aquí que discansamos hoche, voxcês prexcisam dormir. – afirmou a criatura, assim que os três entraram em uma espécie de salão subterrâneo, não muito extenso, mas capaz de abrigar com algum conforto o pequeno grupo. No centro, havia uma mesa de pedra com cinco pequenos bancos.

- Ele tem razão. – disse Lanir enquanto se sentava num dos cantos do salão, com as costas apoiadas na parede. – É melhor dormirmos mesmo por aqui. Procure um canto para você, James. Eu ainda tenho um pouco de água e alguns suprimentos comigo, pegue o que quiser, mas não em muita quantidade, precisaremos economizar o que restou.

O garoto se sentou ao lado de Lanir, preferia se manter próximo ao mensageiro; ainda não confiava naquela estranha criatura. Timidamente, pegou um pouco de pão e tomou alguns goles de água do cantil que ele mesmo carregava.

- Tem certeza de que estamos seguros? As criaturas podem nos seguir até aqui.

Lanir o olhou lateralmente, já com a cabeça apoiada na parede de pedra, em uma posição bem relaxada, como a de quem se prepara para dormir.

- Como? Eles não têm como chegar até aqui, o túnel foi fechado.

James franziu a testa e virou o rosto automaticamente para fitar o caminho por onde tinham chegado. Para sua surpresa, o salão formava um círculo perfeito, sem uma caverna sequer por onde alguém pudesse entrar – ou sair, era o que ele pensava, com uma certa aceleração nos batimentos cardíacos que lhe causava uma sensação muito estranha, uma agonia que começava no estômago e terminava em um nó na garganta.

- Mas... mas... como? Como? O qu... O que é-é vo-cê? – James gaguejou enquanto apontava incrédulo para a criatura, que agora estava sentada em um dos cinco bancos do salão e o fitava com curiosidade, mais uma vez se esforçando para deixar todos os seus dentes amostra; era como se tentasse exibir um sorriso simpático, ou ao menos assim parecia.

- Irgh ri! Menino curiosso. Só pedi pra montanhia um caminho e a montanhia nos deu.

James balançava a cabeça negativamente.

- É bem difícil de acreditar que é só isso. Me diz: quem você é realmente?

A criatura alargou os lábios o máximo que pôde, mostrando ainda mais dentes; parecia rir da situação, embora sua expressão pudesse também causar certo temor.

- Eu qsou Lhrianhorviktiziz.

- O quê? – o garoto perguntou, sem compreender quase nada do que a criatura falara.

Lanir deixou escapar um riso alto e deu um tapa de leve na perna de James.

- O nome dele é Lianor Vikti, o rei do Povo das Fadas. É uma pena que ele não consiga falar nem o próprio nome direito. – o mensageiro gargalhou enquanto a criatura lhe lançava um olhar de irritação.

- Rei do Povo das Fadas? Fala do povo que vive depois do Grande Rio, por trás daquelas cadeias montanhosas?

- Maxxx é claro! – exclamou Lianor Vikti, ao dar um salto do banco em que estava para a mesa. James recuou, temendo que ele finalmente atacasse.

- Você não vai começar a cantarolar, não é mesmo? – perguntou Lanir, sem muitas esperanças, ao deixar escapar um longo suspiro de cansaço.

A criatura imediatamente começou a recitar alguns versos, em um ritmo épico de balada; a voz era belíssima, muito diferente do som agudo e incômodo utilizado nas conversas; a dicção era precisa e imponente, melhor do que a dos mais grandiosos bardos.


Nas colinas rochosas,
na Cidadela Encantada,
nasce Lianor Vikti,
o destino a sua jornada.

Ele é o Rei dos Reis,
que carrega um nome passado.
Transmitido de rei para rei,
a quem comanda o nosso Reinado.

Poderoso e destemido!
Temido, bem-aventurado!
É Lianor Vikti,
o rei do Povo Encantado.


Neste momento, ecos surgidos de toda a parte do salão pareciam invocar uma música pesada, quase como uma marcha de milhares de pessoas a recitar com a criatura. As paredes vibravam. A música crescia e diminuía conforme o ritmo dos versos, causando um efeito que provocou calafrios por todo o corpo de James.


Criado pelo destino.
Marcado logo menino.
Treinado desde nascido:
incrível menino-prodígio!

Marcado por Deuses Sagrados.
Tem origem desconhecida.
Seu poder é sacramentado
e seu controle é sobre a Vida!


De repente, um silêncio total tomou conta de todo o salão e tudo ficou na mais completa escuridão. Aos poucos, uma luz amarelada de tochas retornou, ainda fraca, permitindo que James vislumbrasse uma sombra tênue de pé sobre a mesa. A apresentação fora incrível – os sons pareciam ter se multiplicado – e a entonação dos cânticos era, ao mesmo tempo, perfeita e assustadora, quase como numa grande marcha de guerra.

- Exste sou eu.

O garoto continuou calado, ainda sem reação. Como esperar uma canção tão bela e assustadora de uma criatura que até ali mostrava grandes dificuldades em sequer falar? Pior ainda era pensar no que dizia a letra. Rei dos Reis... poderes sobre a vida... aquilo de fato era estranho... até um pouco absurdo.

- Isso tudo que contou... é verdade? – James sibilou, sem muita confiança.
Lanir, que escutara a música ainda recostado na parede de pedra, com uma expressão cansada, como a de quem já a ouvira por mais vezes do que gostaria, novamente deixou escapar um riso alto antes de tomar a palavra.

- Bem... não fique assustado. Em parte é verdade sim, mas não se deixe enganar por essa conversa de controlar a vida!

Lianor Vikti saltou para o banco por mais uma vez, sentou-se e cruzou as pernas. Depois, passou a mão no queixo enquanto analisava o garoto.

- Ele é mesmo o rei do Povo das Fadas. – continuou Lanir. – Na realidade, nem sei o que ele faz aqui, tão longe do reino deles. Deve estar aprontando algum golpe...

- O quê?! Max que absudo! Eu os ajudo e ganho isso em troca. – retrucou a criatura enquanto soltava um longo suspiro e sacudia os ombros.

James se levantou, um pouco ansioso; as perguntas que passavam por sua cabeça o tinham deixado muito agitado.

- E por que vocês brigam tanto?

Lanir e Lianor Vikti se olharam por um bom tempo, indicando que a história, definitivamente, deveria ser grande. Após alguns segundos, o mensageiro se levantou e começou a andar pelo salão enquanto falava.

- Bem... acho que você é muito novo para saber disso mesmo, é coisa antiga. Digamos que... uhm... o Povo das Fadas não é muito confiável. Desde tempos remotos que eles tentam acabar com todos os dragões. Não sei, devem pensar que poderão tomar o continente todo assim.

- Irgh ri! Issso é menthira. Nem thodos zomos assim.

- Nem todos? – perguntou James, ainda mais curioso do que anteriormente.

A criatura saltou do banco e começou a andar pela sala; as mãos novamente no queixo, como se pensasse. O silêncio completo imperava, uma vez que Lanir também ficara quieto, esperando por uma resposta de Lianor Vikti, que caminhava de um lado para o outro bem lentamente, em ritmo quase hipnótico.

- Bem, garoto, vou lhe contar – iniciou ele, novamente falando em tom de balada, com uma voz grave e cativante, que crescia conforme a melodia seguia seu desenvolvimento. – uma história sobre o meu povo.


A cada lua que passa,
depois de vinte oito anos,
nasce um ser novo,
na terra encantada das Fadas.

Alguns nascem com asas,
Outros mesclados com touros,
Alguns guardam tesouros,
Outros buscam jornadas.

Somos muitos que andam no mundo.
Somos tantos em número e raça.
Somos um povo intranqüilo e difuso.
Nos espalhamos feito a fumaça.


Lanir colocou as mãos nos ombros de Lianor Vikti, como indicando que ele parasse, e olhou para James:

– Compreende? Chamamos todos de O Povo das Fadas, mas são muitas raças, muitos seres diferentes. Acontece que todos nasceram no mesmo lugar, o Lago Azul. Todos são criaturas mágicas, alguns de raças muito antigas, mais antigas do que a própria cordilheira que hoje cerca aquela terra.

O garoto fitou o mensageiro e a criatura por algum tempo, ainda espantado com todas aquelas informações; a aventura tinha finalmente começado, ou pelo menos era isso que ele sentia.

- Mas... é... por que dizem ser só um povo, então?

- Eles sentem uma forte ligação por causa do lago, por causa de sua origem. Há uma língua que todos falam também, embora cada raça também possua uma língua própria. Mas, como deve imaginar, todo rei de um povo como este, tão fragmentado, enfrenta grandes problemas...

- Xsim, há aquheles que querem uma coixsa e outros outras. – interrompeu Lianor Vikti enquanto novamente saltava para um dos bancos do salão. – É terrível! Terrível!

Lanir se aproximou de James lentamente e se sentou novamente ao seu lado.

- Mas ainda não lhe contei o que há de pior nisso tudo...

Thursday, July 1, 2010

Cap. 9 - O Segredo das Montanhas (Parte I)

Comentário: Até que estou conseguindo atualizar a história com mais constância, acho que conseguirei dedicar umas horas para o mestrado e umas horas para a literatura nos próximos meses, então dá para evoluir. Quem nunca leu nenhum capítulo no site, clique aqui e confira todos os capítulos.



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James acordou assustado com o barulho da porta de madeira sendo escancarada por Lanir. O mensageiro estava sério, parecia nervoso e até mesmo um pouco descontrolado. Sem emitir sequer uma palavra, pegou o garoto pelo braço e o levou para fora da pequena casa. James apenas o seguia, como que por instinto, ainda muito confuso para compreender o que estava acontecendo. A chuva, do lado de fora, caía de forma extremamente violenta, o mundo repousava numa completa escuridão. E o que ainda era pior, o ar frio e as pesadas gotas de água golpeavam a sua face, deixando-o cada vez mais confuso; uma série de trovões destroçava o silêncio sagrado das montanhas.

- O que está acontecendo? – perguntou James enquanto tentava proteger o rosto.

- Venha, venha, precisamos ter pressa! – disse Lanir, ao retirar sua capa de viagem para cobrir o garoto.

Os dois seguiram caminhando pelas montanhas, em direção a um enorme paredão rochoso, certamente o caminho mais complexo para se alcançar a Grande Torre de Vigia, de onde poderiam tentar vislumbrar o garoto que precisariam encontrar na Floresta Escura.

A chuva não parava, continuava a cair torrencialmente, ampliando ainda mais a escuridão. James, inclusive, ficara um pouco desconfiado. Lanir parecia ignorar quase que completamente o poder e a violência da tempestade, que, de uma maneira estranha, não impunha aos dois sequer a mais leve dificuldade de movimentação. Na realidade, ela parecia até servir de cortina para que eles se movimentassem despercebidos; uma cortina capaz de apagar rastros.

- O que aconteceu?! – perguntou James, ainda protegendo os olhos.

- Uma criatura estava caminhando pelas montanhas, ela me viu... precisamos enganá-las. Com essa chuva, elas não nos verão escalando o paredão rochoso.

O garoto encarou Lanir com alguma surpresa.

- Mas também, quem ousaria escalar um paredão rochoso em meio a uma tempestade como essa?

O mensageiro apertou o passo, como se mal tivesse escutado a pergunta.

- É nossa única saída. Mas fique tranqüilo, nós vamos conseguir – ele respondeu, de maneira rápida e direta, sempre olhando em todas as direções para se certificar de que não estavam sendo seguidos.

- E você consegue enxergar nesse escuro? – reiniciou James. - Eu não consigo ver nada.

Lanir, desta vez, não respondeu, apenas acelerou ainda mais o seu passo e fez um sinal para que o garoto ficasse em silêncio; era importante que eles passassem despercebidos.

Em pouco tempo, chegaram até o paredão rochoso. Os clarões provocados pelas constantes trovoadas permitiram que James vislumbrasse a extensão do que precisariam escalar; eram muitos metros, e as pedras pareciam extremamente escorregadias, definitivamente seria um caminho tortuoso.

- Espera aqui. Conforme eu consiga avançar, vou te puxar por esta corda, está certo? – indagou Lanir enquanto entregava ao garoto uma das pontas da corda que acabara de amarrar em sua cintura.

- Tudo bem, tudo bem. Mas por que estamos fugindo se você já matou a criatura?

- O quê?!

- Há alguns fragmentos de escama no seu bastão e um pouco de sangue na sua roupa, achou que eu não fosse notar?

James agora gritava para Lanir, que já conseguira escalar alguns metros do paredão rochoso. Além da distância e da forte tempestade, as sucessivas trovoadas impediam uma comunicação eficiente.

- É claro que eu sabia que você ia notar, como não notaria? – Às vezes as observações até o incomodavam, Lanir pensou. – Mas esqueceu que esses seres se comunicam?! Provavelmente muitos deles virão atrás de nós. Vamos! – O mensageiro deu um grito potente, tentando superar o barulho de uma nova trovoada. – Comece a subir!

James colocou a perna direita em uma pequena deformação da parede rochosa, deu um impulso forte e começou a escalada. Os dois seguiram se movimentando, de forma bem lenta por um bom tempo; não trocavam sequer uma palavra. Todo o foco e todos os músculos de seus corpos se voltavam para uma única atividade: escalar, por mais que a água atrapalhasse, por mais difícil que fosse enxergar, para James pelo menos.

Após algum tempo, aproximaram-se de uma grande caverna, situada mais ou menos no centro do paredão rochoso. Lanir desviou dela e continuou subindo. A chuva continuava forte; os trovões castigavam os olhos e os ouvidos. Subitamente, um estrondo, um barulho ainda mais alto do que o da tempestade. Do alto da montanha, pedras rolavam violentamente, multiplicando-se conforme acertavam o paredão rochoso em sua queda. James quase não as via. Não fosse a luz de mais um relâmpago, teria sido acertado em cheio.

- Tome cuidado! – gritou Lanir. – Segure firme na corda, irei lhe balançar até a caverna.

James apenas fez um sinal de afirmativo com a cabeça; estava extremamente assustado. Os barulhos, o vento, os trovões e a poeira trazida pela enxurrada de pedras provocaram um efeito ameaçador terrível. E ele era apenas um garoto, um jovem que sonhava com a glória, que ansiava por novas aventuras, mas ainda assim um jovem, um menino despreparado; um novato, como muitos se apressariam em dizer.

Lanir o balançou com força e perícia, fazendo-o aterrissar sem muita dificuldade no interior da caverna. Foi quando um segundo estrondo ecoou por toda a montanha. Um novo deslizamento estava a caminho. Desta vez, muito maior do que o anterior. James colocou a cabeça para fora, curioso para saber o que estava acontecendo, sem notar que havia uma pequena criatura ao seu lado. Lanir foi atingido por um fragmento de rocha e despencou alguns metros, conseguindo se segurar pouco abaixo de onde o garoto estava, embora não estivesse próximo o suficiente para ser puxado.

- Irgh ri! Parece que o mensageiro tem problemas. – ironizou a criatura, que falava com uma dicção estranha, como se tivesse dificuldade em articular as palavras. – Cuidado que lá vem más zuma.

Um novo estrondo tomou conta da montanha e uma nova enxurrada de pó e pedra acertou Lanir, que agora se agarrava da maneira que podia a um pequeno arbusto que crescia em meio ao paredão rochoso.

- Vo-cê... – o mensageiro sibilou, fazendo muita força para sustentar o peso de seu próprio corpo. – Pare de brincadeiras, vamos!

James, que caíra sentado após a eclosão do terceiro estrondo, olhou para a criatura a sua frente com medo e curiosidade. O que seria aquilo? Um ser pequeno, do tamanho de uma criança, com a pele queimada, como que castigada pelo sol, e envelhecida. Tinha poucos fios de cabelos – três ou quatro, se estivesse enxergando bem – e os dois dentes da frente levemente projetados. As mãos tinham apenas três dedos, finos e compridos.

- É você que está fazendo isso? – perguntou o garoto, um pouco assustado.

A criatura se virou para encará-lo, seus olhos eram verdes e esbugalhados.

- Thhhhsim, talfex, quem sabisse. É a monthania, nem thudo é t-tão ssimples, meu caro.

- Como assim? Se você sabe o que está acontecendo, pare, por favor, pare, ou Lanir irá morrer! – James se pós de pé, talvez com alguma esperança de intimidar a estranha criatura, que era consideravelmente menor do que ele.

- Acho que não. Nada de problema pra ele.

No momento em que a criatura acabou de dizer sua última palavra, Lanir firmou a mão no arbusto que o dava apoio, pisou com força numa pedra do paredão rochoso e deu um salto incrível para aterrissar dentro da caverna. James o olhou até com certa incredulidade. Como um homem tão velho conseguira executar uma manobra tão complicada? Talvez nem o grande Gabriel, o cavaleiro mais capaz de todo o continente, conseguisse realizar uma proeza como aquela.

- Eu não dhisse. – a criatura resmungou.

Assim que colocou os pés no chão, Lanir puxou uma faca de sua bota e olhou ameaçadoramente para o estranho ser.

- Maldito! Eu devia matá-lo.

A criatura riu, emitindo um som estranho, quase como o barulho de um cuspe.

- Voxcê é que é mal agradezido.

- Isso é o que você diz...

A criatura murmurou algo inaudível por alguns segundos.

- Voxcês e sua eterna desconfhiança. Voxcê sabe que eu posso tirar voxcês daqui.

Lanir não respondeu, apenas encarou em silêncio a criatura por algum tempo; pensava. Talvez fosse a hora de confiar nela, pelo menos naquele instante; talvez ela realmente pudesse ajudá-los a fugir com segurança... quem sabe até não reduzisse o tempo daquela jornada, afinal, a montanha a obedeceria.

- Uarrati. O que decide? – a criatura perguntou.

O mensageiro continuou quieto por mais um tempo, ainda ponderando, até que baixou a sua arma. Naquela situação, seria melhor negociar; talvez também fosse hora de os dois terem uma conversa, uma oportunidade de esclarecer algumas situações do passado.

- Vamos com você.

- Ah... – a criatura sorriu, fazendo um esforço enorme para mostrar todos os dentes. – Então me shigam. Tem uma saída por ali. – ela andou para um pequeno túnel a sua direita enquanto fazia um lento gesto com os dedos para que James e Lanir a acompanhassem.

- Tenho certeza de que essa caverna não tinha saída quando fui jogado aqui. – disse o garoto, um pouco desconfiado.

- Érré, eu dhisse, asss coixsas mudam.